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Pró-Labore: O Que É, Como Calcular e Sua Importância para o Sócio-Administrador

  • Time Propulsor
  • 25 de set.
  • 8 min de leitura

No universo empresarial brasileiro, a remuneração dos sócios que atuam ativamente na gestão da empresa é um tema de grande relevância e, muitas vezes, de dúvidas. O pró-labore, termo que significa "pelo trabalho" em latim, é a forma pela qual os sócios-administradores recebem por suas atividades, distinguindo-se tanto do salário de um empregado quanto da distribuição de lucros.


Pró-Labore

Compreender o conceito, a forma de cálculo e as implicações fiscais e previdenciárias do pró-labore é fundamental para a saúde financeira e a conformidade legal de qualquer negócio. Este artigo detalha o que é o pró-labore, como calculá-lo corretamente, suas diferenças em relação a outras formas de remuneração e a importância de uma definição adequada para a sustentabilidade da sua empresa.


O Que É Pró-Labore?

O pró-labore é a remuneração que os sócios de uma empresa recebem em troca do trabalho que desempenham na administração ou em outras funções dentro do negócio. Diferente do salário, que é pago a um funcionário com vínculo empregatício e todos os direitos da CLT (Consolidação das Leis do Trabalho), o pró-labore é destinado aos sócios que efetivamente trabalham na empresa, sem configurar uma relação de emprego. É, portanto, uma espécie de "salário" para o sócio-administrador, mas com características e obrigações distintas. A legislação brasileira, em especial a previdenciária, exige que os sócios que prestam serviços à empresa sejam remunerados por meio do pró-labore, garantindo assim sua contribuição ao INSS. Mesmo que a empresa não apresente lucro em determinado período, o pró-labore deve ser pago para fins de cumprimento das obrigações previdenciárias. A definição do valor do pró-labore é uma decisão dos próprios sócios, mas deve ser compatível com a função exercida e não pode ser inferior ao salário mínimo vigente. É crucial que essa remuneração seja registrada contabilmente como uma despesa da empresa, impactando diretamente o resultado financeiro do negócio.


Pró-Labore vs. Salário vs. Distribuição de Lucros: Entenda as Diferenças

Para muitos empreendedores, a distinção entre pró-labore, salário e distribuição de lucros pode gerar confusão. No entanto, compreender essas diferenças é crucial para a correta gestão financeira e fiscal da empresa, evitando problemas com a Receita Federal e garantindo a conformidade legal. Cada uma dessas formas de remuneração possui características, obrigações e implicações tributárias específicas.


Pró-Labore

Como já mencionado, o pró-labore é a remuneração do sócio que trabalha na empresa. Ele é pago mensalmente e é obrigatório para os sócios-administradores que exercem alguma função na empresa. Sobre o pró-labore incidem impostos como a Contribuição Previdenciária (INSS) e o Imposto de Renda Retido na Fonte (IRRF), seguindo as mesmas regras aplicadas aos salários de empregados. A retirada do pró-labore garante ao sócio direitos previdenciários, como aposentadoria, auxílio-doença e salário-maternidade, desde que as contribuições sejam feitas regularmente. O valor do pró-labore deve ser definido pelos sócios, considerando a realidade do mercado para a função exercida e a capacidade financeira da empresa, e não pode ser inferior ao salário mínimo.


Salário

O salário é a remuneração paga a um empregado contratado sob o regime da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). Diferente do pró-labore, o salário implica em um vínculo empregatício, o que confere ao trabalhador uma série de direitos e benefícios, como Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), 13º salário, férias remuneradas, aviso prévio, entre outros. Sobre o salário incidem diversas contribuições e impostos, tanto por parte do empregado (INSS, IRRF) quanto do empregador (INSS patronal, FGTS, etc.). Um sócio não pode ser remunerado por salário pela própria empresa em que é sócio-administrador, pois não há vínculo empregatício entre eles.


Distribuição de Lucros

A distribuição de lucros é o repasse de parte do lucro líquido da empresa aos sócios, de forma proporcional à participação de cada um no capital social. Diferente do pró-labore, a distribuição de lucros não é uma remuneração pelo trabalho, mas sim pelo capital investido. Ela só pode ocorrer se a empresa apurar lucro em determinado período (geralmente trimestral, semestral ou anual), após a dedução de todas as despesas, impostos e eventuais prejuízos acumulados. Uma das grandes vantagens da distribuição de lucros é que, atualmente, ela é isenta de Imposto de Renda para a pessoa física do sócio, o que a torna uma forma de remuneração muito atrativa do ponto de vista tributário. No entanto, a distribuição de lucros não gera direitos previdenciários, pois não há contribuição ao INSS sobre esses valores. É importante ressaltar que a empresa deve ter contabilidade regular para comprovar os lucros distribuídos.


Em resumo, enquanto o pró-labore remunera o trabalho do sócio e gera obrigações previdenciárias e fiscais, o salário remunera o trabalho de um empregado com vínculo CLT e a distribuição de lucros remunera o capital investido, sendo isenta de Imposto de Renda e sem impacto previdenciário. A combinação estratégica dessas formas de remuneração, quando aplicável, é fundamental para otimizar a carga tributária e garantir a segurança financeira tanto da empresa quanto dos sócios.


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Como Calcular o Pró-Labore Corretamente: Implicações Fiscais e Previdenciárias

Definir e calcular o pró-labore de forma correta é um dos pilares para a saúde financeira e a conformidade legal da empresa. Embora não exista uma fórmula única e rígida para o cálculo do valor em si, há diretrizes e obrigações fiscais e previdenciárias que devem ser rigorosamente observadas. O processo envolve a definição do valor bruto, o cálculo das contribuições ao INSS e, se aplicável, do Imposto de Renda Retido na Fonte (IRRF).


1. Definição do Valor Bruto do Pró-Labore

O primeiro passo é estabelecer o valor bruto do pró-labore. Essa decisão deve ser tomada pelos sócios, levando em consideração alguns fatores essenciais:


  • Função e Responsabilidades: Qual seria o salário de mercado para um profissional que desempenhasse as mesmas funções e responsabilidades do sócio-administrador na empresa? Pesquisar a média salarial para cargos equivalentes pode ser um bom ponto de partida.

  • Capacidade Financeira da Empresa: O valor definido deve ser sustentável para o fluxo de caixa da empresa, sem comprometer sua operação ou investimentos. É fundamental que a empresa tenha condições de arcar com o pró-labore e os encargos associados mensalmente.

  • Salário Mínimo: O valor do pró-labore não pode ser inferior ao salário mínimo vigente no país, conforme a legislação.

  • Acordo entre Sócios: Em empresas com múltiplos sócios-administradores, o valor do pró-labore deve ser acordado entre todos e, preferencialmente, formalizado em contrato social ou em um acordo de sócios.


2. Cálculo da Contribuição Previdenciária (INSS)

Sobre o valor bruto do pró-labore incide a Contribuição Previdenciária para o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). O sócio-administrador é considerado um contribuinte individual e, portanto, deve recolher 11% sobre o valor do pró-labore, limitado ao teto máximo de contribuição estabelecido pelo INSS. Se o pró-labore for superior ao teto, a contribuição de 11% será calculada apenas sobre o valor do teto. Essa contribuição garante ao sócio acesso aos benefícios previdenciários, como aposentadoria, auxílio-doença e salário-maternidade.


Além da contribuição do sócio, a empresa também pode ter uma contribuição patronal de 20% sobre o valor do pró-labore, dependendo do regime tributário e da atividade econômica. Empresas optantes pelo Simples Nacional, por exemplo, geralmente são isentas dessa contribuição patronal, com exceção de algumas atividades específicas que se enquadram no Anexo IV do Simples Nacional, onde a contribuição é devida.


3. Cálculo do Imposto de Renda Retido na Fonte (IRRF)

O pró-labore também está sujeito ao Imposto de Renda Retido na Fonte (IRRF), seguindo a tabela progressiva da Receita Federal, da mesma forma que os salários. Após a dedução da contribuição ao INSS, o valor restante do pró-labore é a base de cálculo para o IRRF. É importante consultar a tabela vigente da Receita Federal para aplicar a alíquota correta e as respectivas parcelas a deduzir, se houver.


Exemplo Simplificado de Cálculo

Para ilustrar, considere um sócio-administrador com um pró-labore bruto de R$ 5.000,00 (assumindo que este valor está abaixo do teto do INSS e que a empresa não tem contribuição patronal de INSS):


  • Pró-labore Bruto: R$ 5.000,00

  • INSS (11%): R$ 5.000,00 * 0,11 = R$ 550,00

  • Base de Cálculo do IRRF: R$ 5.000,00 - R$ 550,00 = R$ 4.450,00

  • IRRF: (Consultar tabela progressiva da Receita Federal para R$ 4.450,00. Exemplo: se a alíquota for 22,5% com parcela a deduzir de R$ 651,73, o IRRF seria R$ 4.450,00 * 0,225 - R$ 651,73 = R$ 349,52)

  • Pró-labore Líquido: R$ 5.000,00 - R$ 550,00 - R$ 349,52 = R$ 4.100,48


Este é um exemplo simplificado e as alíquotas e faixas de IRRF podem mudar. É sempre recomendável contar com o apoio de um contador para realizar esses cálculos e garantir a correta emissão das guias de recolhimento, evitando multas e problemas com o fisco. A correta gestão do pró-labore é um componente vital da gestão financeira e tributária da empresa.


A Importância de Definir o Pró-Labore Adequadamente

A correta definição e gestão do pró-labore é um aspecto crucial para a sustentabilidade e o sucesso de qualquer empresa, especialmente para micro e pequenos negócios. Mais do que uma simples formalidade, o pró-labore impacta diretamente a saúde financeira do negócio, a conformidade legal e a segurança previdenciária do sócio-administrador. Ignorar ou negligenciar essa etapa pode acarretar sérias consequências, desde problemas fiscais até a desorganização financeira.


1. Organização Financeira e Orçamentária

Estabelecer um pró-labore fixo e realista permite que a empresa tenha uma previsão clara de suas despesas mensais. Isso é fundamental para a elaboração do orçamento e para o controle do fluxo de caixa. Ao separar as finanças pessoais do sócio das finanças da empresa, evita-se a confusão patrimonial, um erro comum que pode comprometer a saúde financeira do negócio. Com um pró-labore definido, o sócio tem uma remuneração estável para suas despesas pessoais, e a empresa pode planejar seus custos com maior precisão.


2. Conformidade Legal e Fiscal

A legislação brasileira exige que os sócios-administradores que trabalham na empresa recebam pró-labore e contribuam para o INSS. A ausência ou a incorreta definição do pró-labore pode gerar autuações e multas por parte da Receita Federal e do INSS. Além disso, a correta apuração e recolhimento dos impostos (INSS e IRRF) sobre o pró-labore são essenciais para manter a empresa em dia com suas obrigações fiscais, evitando problemas futuros e garantindo a regularidade do negócio. A contabilidade da empresa deve registrar o pró-labore como uma despesa, o que impacta a base de cálculo de outros tributos.


3. Segurança Previdenciária do Sócio

A contribuição para o INSS sobre o pró-labore garante ao sócio-administrador acesso a importantes benefícios previdenciários, como aposentadoria por idade ou por tempo de contribuição, auxílio-doença, salário-maternidade e pensão por morte para seus dependentes. Sem essa contribuição regular, o sócio fica desamparado em situações de necessidade, o que representa um risco significativo para sua segurança e a de sua família. Portanto, o pró-labore não é apenas uma obrigação, mas um investimento no futuro do sócio.


4. Transparência e Credibilidade

Uma gestão transparente, que inclui a correta definição do pró-labore, aumenta a credibilidade da empresa perante bancos, investidores e fornecedores. Demonstra profissionalismo e organização, facilitando a obtenção de crédito e a realização de parcerias. Além disso, em caso de venda da empresa ou entrada de novos sócios, a clareza sobre a remuneração dos administradores é um ponto positivo.


5. Otimização Tributária

Em conjunto com a distribuição de lucros, a definição estratégica do pró-labore pode ser uma ferramenta de otimização tributária. Como a distribuição de lucros é isenta de Imposto de Renda para a pessoa física do sócio, é comum que as empresas busquem um equilíbrio entre um pró-labore que cubra as necessidades básicas do sócio e garanta a contribuição previdenciária, e uma distribuição de lucros mais robusta. No entanto, essa estratégia deve ser cuidadosamente planejada com o auxílio de um contador, para garantir que esteja em conformidade com a legislação e não configure simulação fiscal.


Em suma, definir o pró-labore adequadamente é um ato de gestão responsável que protege tanto o sócio quanto a empresa, assegurando conformidade legal, estabilidade financeira e segurança previdenciária. É um passo essencial para a construção de um negócio sólido e duradouro.


Conclusão

O pró-labore é um elemento central na gestão financeira e contábil de qualquer empresa com sócios-administradores. Longe de ser uma mera formalidade, sua correta definição e cálculo são cruciais para garantir a conformidade legal, a saúde financeira do negócio e a segurança previdenciária do sócio. Compreender as diferenças entre pró-labore, salário e distribuição de lucros, bem como as implicações fiscais e previdenciárias de cada um, permite uma gestão mais estratégica e eficiente. Ao dedicar a devida atenção a este aspecto, sua empresa estará mais organizada, transparente e preparada para enfrentar os desafios do mercado, assegurando um futuro mais sólido e próspero.


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